Caroline Soares da Silva e Dhiogo Rezende Gomes


A SEXUALIDADE NÃO-HETEROSSEXUAL NO BRASIL: ALGUNS APONTAMENTOS PARA O ENSINO DE HISTÓRIA NA TEMÁTICA INDÍGENA


Este texto tem como pretensão construir uma breve análise do modo como podemos interpretar as manifestações de sexualidades não-heteronormativas no contexto dos povos indígenas do/no Brasil. Compreendendo que estas manifestações e construções de sexualidades podem ser entendidas como homossexualidade ou não, tendo em vista que pela “lente da cultura” (Benedict, 2013) ocidental e cristã é que são (re)produzidos preconceitos decorrendo em segregação, tanto nas aldeias como na sociedade nacional, nas relações de “colonialidade” (Segato, 2013).  Operando tanto na produção de identidades e diferenças dos sujeitos indígenas quanto dos não-indígenas.

Conforme a análise de Segato (2013), nossa construção como sujeitos, também na sexualidade e no gênero, tratando de pessoas atravessadas pelo processo colonizador, sofre constantes influências normatizadoras, sendo assim, a forma como interpretamos e lidamos com sexualidades não-heterossexuais vai nos condicionar a produzir certo grau de distanciamento e preconceito em relação a esses sujeitos. Do mesmo modo, podemos perceber como os indígenas contemporâneos e agentes nas relações interétnicas, negociam e lidam, ora segregando também entre os seus aqueles que não apresentam características heteronormativas.

Tal posicionamento indígena não é compreendido como manifestações das etnias em paralelos culturais em seus próprios termos, mas resultantes da aproximação com a sociedade envolvente colonizada através do cânone cristão com sujeitos configurados por pares de opostos (o homem para mulher), sendo inadmissível ou um tabu, a possibilidade de outras construções de sexualidade. Implica que indígenas que se reelaboram etnicamente na leitura de valores cristãos, com a forte intervenção de missionários, muitos deles residentes e membros ativos nas comunidades constituídas de templos e igrejas, operem visões e condutas discriminatórias e violentas com a considerada homossexualidade de seus membros, assim como toda religiosidade nativa.  

O que percebemos nos estudos históricos e antropológicos sobre a temática no contexto indígena brasileiro, são outras práticas sexuais que não necessariamente devem ser heterossexuais, denominadas aqui de “não-heterossexuais” afim de não rotulá-las de “homossexualidade” ou pior, “homossexualismo” (como doença).

Preciado (2017) entende toda manifestação que foge a heterossexualidade como um manifesto contrassexual. As sexualidades não-heteronormativas formam um prisma de análise distinto por não operarem no binarismo de opostos da relação homem X mulher, mas homem X homem e mulher X mulher.

A medida que as apresentações de opostos operam em um modelo heteronormativo ocidental e cristão em detrimento das outras sexualidades, operam-se também violências e preconceitos contra os sujeitos que constroem sexualidades dissidentes do modelo heterossexual cristalizado como padrão e “correto”. Podemos destacar nesse texto um caso brutal vitimando um sujeito lido sem características heteronormativas pelos colonizadores, um Tupinambá foi violentamente assassinado, posto na frente da boca de um canhão para ser explodido em pedaços na capitania de São Luís no século XVII.

Um exemplo que expressa ainda no período colonial o que Mbembe (2018) chama de necropolítica ou formas e tecnologias de aniquilar certos corpos e seus demarcadores de gênero e sexualidade.  O indígena e seu “crime” (ser um sujeito não-heterossexual), o que põe tal fato como o primeiro caso de assassinato no Brasil por este motivo registrado, reação da sociedade colonial vigente  “[...]para purificar a terra de suas maldades” (MOTT, 1994, p.7-8).

Mott (1994, p.7) nos informa ainda que “Entre os Tupinambá, que ocupavam a maior parte da costa brasileira, os índios gays eram chamados de tibira, e as lésbicas de çacoaimbeguira”. Termos que não eram pejorativos na sociedade Tupinambá.

O que vemos nos relatos dos pesquisadores e viajantes são outras práticas sexuais que não necessariamente podem ser interpretadas como homossexualidade, assim como entendemos o modo de ser homossexual ou heterossexual, o que podemos identificar são construções de sexualidades completamente descoladas da tal normalidade heterossexual, construída pelo processo colonizador.

Clastres (2012, p.127) nos apresenta um indígena Guayaki que aceita as características do universo tido como feminino na configuração social de sua etnia e desse modo é também aceito como tal no grupo, sem, deste modo, haver produção de segregação oriunda de sua orientação sexual, ou seja, que “estava tão à vontade, tranquilo e sereno em seu papel de homem tornado mulher, [...]” e mais, “Krembegi, assumira até as últimas consequências sua condição de homem não-caçador, ‘tornando-se’ uma mulher. Ou, em outros termos, Krembegi havia encontrado, por meio de sua homossexualidade, o topos ao qual o destinava logicamente sua incapacidade de ocupar o espaço dos homens”.

Sobre configurações culturais ou padrões que as culturas podem constituir, Benedict (2016, p.139) distinguiu duas grandes chaves de opostos entre nativos da América do norte na década de 1930: os povos “apolíneos” caracterizados pela busca “[...] da sobriedade e moderação, da desconfiança em relação ao excesso e à orgia.” e em contraste, os povos “dionisíacos” com características abundantes em todas as culturas circundantes aos primeiros. Estes últimos valorizam “[...] o excesso como fuga para uma ordem de existência além daquela dos cinco sentidos [...]”.

A observação da antropóloga abre para o entendimento que em uma diversidade de povos indígenas em toda a América, há os que constituíram na longa duração um plano cultural dado nas pulsões emocionais elaborando suas existências ao passo que há outros que as resistem. Fazemos um parêntese às inúmeras formas de relações sexuais em muitas culturas atreladas ao xamanismo compondo arranjos diferentes de parentesco e organização social.

Nessa perspectiva concordamos com Margaret Mead, quando diz que “Homens e mulheres são socialmente diferenciados, e cada sexo, como sexo, é forçado a conformar-se ao papel que lhe é atribuído. Em algumas sociedades, estes papéis socialmente definidos são expressos, especialmente, nas roupas ou nas ocupações, sem qualquer insistência nas diferenças temperamentais inatas.” (MEAD, 1988, p. 25). Ou seja, não há “inversão” ou “anormalidade” onde não se enxerga a diferença entre os sujeitos dentro de suas ocupações desde que estes se enquadrem nos elementos característicos do gênero, sua sexualidade não será questionada em certo ponto.

De acordo com o que foi descrito por Fernandes (2015), historicamente temos relatos apresentando sexualidades não-heteronormativas quando analisamos textos de viajantes pelo Brasil desde o tempo da invasão europeia no século XVI. O que se percebe é uma diversidade de sexualidades que aqui chamaremos de práticas não-heteronormativas, quando entendemos que as apresentações de pares de opostos em detrimento de outras sexualidades que fogem ao modelo ocidental no contexto indígena, se dá em virtude das colonialidades que operam coercitivamente sobre esses sujeitos (indígenas) além dos não-indígenas que transgredirem a heterossexualidade e/ou a monogamia na dogmática cristã.   

A colonização de toda a América iniciou um processo que pretendia a assimilação ou mesmo aniquilamento das culturas nativas na adequação dos sujeitos indígenas, por meio da coerção religiosa, política e moral na “normalidade” heterossexual intimamente ligada ao modelo europeu cristão, sendo os indígenas taxados de selvagens promíscuos, portanto, objetos de doutrinação ou de justificativa do próprio extermínio pelos colonizadores (MOTT, 1994).

Apesar de denominações diferentes para os sujeitos que apresentam sexualidades não-heteronormativas, não havia discriminação ou manifestação de segregação ou preconceito entre os seus parentes (povo) segundo algumas fontes como códices, estatuas e registros orais que tem referências de mulheres e homens não-heteronormativos como deuses, ou personagens míticos com características lidas como homossexualidade (na visão alienígena) altamente valorizadas nas culturas indígenas (MOTT, 1994). Já o que podemos extrair dos documentos (registros de viajantes, cronistas, religiosos, militares), a partir de um etnocentrismo invocando-se superior empurrando a cultura autóctone, diferente/estranha para um abismo epistemológico (SANTOS, 2009), é um conjunto de visões que enredam um processo violento, simbólico e físico contra as sexualidades indígenas transgressoras da moral dominante. 

Como afirma Mott (1994) a tal homossexualidade ou como preferimos, a não-heterossexualidade não é novidade, ergue-se do surgimento das primeiras sociedades, tão presente no “Velho Mundo” em sua formação. Portanto, não é uma prática natural das “índias” e dos “selvagens” nas colônias e também não foi uma prática trazida nas caravelas para o “Novo Mundo” a partir do século XV. Para América e para seus povos originários, junto com o complexo colonizador no plano político, econômico e religioso, ergueu-se o complexo homofóbico e seus paralelos.

Registros apontam para reações institucionais (Estados e religião) de muita violência pelos colonizadores do norte ao sul da América. A não-heterossexualidade nativa era reprimida como que para servir de exemplo a velha e presente prática no mundo europeu em seu berço cristão. Não impedindo as relações intersexuais entre “sodomitas” de diferentes origens e classes sociais no mundo colonial. Mott (1994, p.6) se refere a uma “sub cultura gay” nesse contexto:

“Apesar da sodomia ser considerada pela Cristandade como “o mais torpe, sujo e desonesto pecado”, punida como crime hediondo equivalente ao regicídio e à traição nacional, merecedores os homossexuais da pena de morte na fogueira, não obstante tamanho tabu e discriminação, à época das grandes descobertas, floresceu na Península Ibérica intrépida e heroica sub cultura gay nalgumas partes mais visível e ousada do que a existente em países europeus fora da esfera inquisitorial.”

Mesmo com tamanha vigilância e repressão violenta, homens europeus homossexuais encontram nas colônias americanas um ambiente mais propício as suas práticas sexuais do que na Europa. Mott (1994) registra que 18% dos sodomitas condenados em Portugal pelo Tribunal do Santo Ofício foram degredados para o Brasil e aqui, voltando a reincidir no considerado “vicio”.  Neste quadro de sociedade colonial com presença marcante de relações não-heterossexuais, temos que “Entre 1591-1620, de um total de 283 culpas confessadas nas duas Visitações que o Santo Ofício (da fez a diferentes Capitanias do Nordeste brasileiro, há registro de 44 casos de sodomia (15,5%), sendo, depois da blasfêmia, o desvio mais frequentemente praticado pelos colonizadores. Dos denunciados, 61% eram brancos, 24% mestiços de variegados fenótipos, 9% negros e 6% índios, predominando as relações sodomíticas entre parceiros de diferentes cores, os quais ocupavam toda a gama de profissões: de Governador Geral do Brasil, como Diogo Botelho, a sacerdotes, senhores de engenho, funcionários públicos, militares, estudantes, feitores, criados, escravos, etc. (MOTT, 1994, p.7).”

Assim, para trabalhar esta temática no ensino de história, é necessário primeiramente relativizar a ideia de “homossexualidade” como pecado e como doença, mas como ato desviante de indivíduos e grupos étnicos dentro de um contexto histórico. Entendendo assim as mudanças e permanências do período colonial a contemporaneidade, fazendo-nos refletir sobre as razões históricas e sociais das diferenças de gênero e sexualidade que se impõem na sociedade brasileira, fazendo com que tenhamos índices altíssimos de homicídios contra pessoas LGBT. Como vemos em dados do ano de 2017 onde foram registrados  que “445 lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) foram mortos em crimes motivados por homofobia. O número representa uma vítima a cada 19 horas. O dado está em levantamento realizado pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), que registrou o maior número de casos de morte relacionados à homofobia desde que o monitoramento anual começou a ser elaborado pela entidade, há 38 anos.” (VALENTE, 2018).

Violência sistemática ao passo que legislações no âmbito educacional e dos direitos humanos para estes grupos são construídas e aplicadas. A criminalização da homofobia que inverteria historicamente a condição da não-heterossexualidade, no passado, prática passiva de punição com a morte e a possibilidade oposta de punir aqueles que desrespeitem homens e mulheres por suas constituições fora da heterossexualidade. Análise que carece de maiores elementos com as populações indígenas que tem membros não-heterossexuais, pelos múltiplos demarcadores sociais da diferença e da discriminação da identidade de “índio gay”.

Referências
Caroline é mestranda em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás, e bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES);  

Dhiogo é Professor de História do Instituto Federal do Maranhão, e Doutorando em Antropologia Social pela Universidade Federal de Goiás.

BENEDICT, Ruth. Configurações de Cultura na América do Norte. In: CASTRO, Celso. Textos básicos de antropologia: cem anos de tradição: Boas, Malinowski, Levi-Strauss e outros. Rio de Janeiro: Zahar, 2016. Cap. 8. p. 137-144.

BENEDICT, Ruth. Padrões de cultura. Petrópolis: Vozes, 2013. 211 p.

CLASTRES, Pierre. O arco e o cesto. In: CLASTRES, Pierre. A Sociedade contra o Estado: pesquisas de antropologia política. São Paulo: Cosac Naify, 2012. p. 118-145.

FERNANDES, Estevão Rafael. Decolonizando sexualidades: enquadramentos coloniais e homossexualidade indígena no Brasil e nos Estados Unidos. 2015. 383 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Sociais, Centro de Pesquisa e Pós-graduação Sobre As Américas (ceppac), Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: N 1 Edições, 2018. 80 p.

MEAD, Margaret. Sexo e temperamento. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1988. 316 p.

MOTT, Luiz. Etno-história da homossexualidade na América Latina. In: SEMINÁRIO - TALLER DE HISTÓRIA DE LAS MENTALIDADES Y LOS IMAGINARIOS, 1., 1994, Bogotá. Comunicação. Bogotá: Universidad Javerina de Bogotá, 1994. p. 1 - 15.

PRECIADO, Paul Beatriz. Manifesto contrassexual. São Paulo: N 1 Edições, 2017. 223 p.

SANTOS, Boaventura de Sousa. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura de Sousa. Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009. Cap. 1. p. 23-72.

SEGATO, Rita. La crítica de la colonialidad en ocho ensayos y una antropología por demanda. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2013. 293 p.

VALENTE, Jonas. Levantamento aponta recorde de mortes por homofobia no Brasil em 2017. 2018. Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-01/levantamento-aponta-recorde-de-mortes-por-homofobia-no-brasil-em>. Acesso em: 08 mar. 2019.



17 comentários:

  1. Parabéns pelo trabalho!
    Lembro-me de assistir uma palestra do Dr. Eduardo Meinberg, em um simpósio da ABHR, sobre a travestis e transexuais indígenas no Alto Rio Negro. Ele narra como naquela região o tema é tabu: há uma negação de que sexualidades não-heterossexuais existam entre aqueles povos indígenas. Apenas missionários evangélicos reconhecem que existem pessoas indígenas "possuídas" por esses "espíritos" e precisam/podem ser curadas. Acredito que a discussão de Meinberg possa enriquecer seu trabalho, caso ainda não conheça.
    Por fim, duas questões: - parece-me que você argumenta que entre os indígenas pré-colonização não havia rejeição de outras sexualidades; isso é um consenso historiográfico? - haveria alguma forma de tentar desconstruir essa influência que tem levado à não-aceitação de não-heterossexualidade entre os povos indígenas afetados pelo cristianismo?

    César Aquino Bezerra

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Agradecemos a participação. A historiografia aponta exemplos de culto a elementos não-heterossexuais na constituição de divindades em formas humanas adoradas por grupos étnicos e sociedades variadas, assim como formas de sociabilidade não segregadoras dos indivíduos não-heterossexuais no interior dos grupos. A questão de não haver rejeição de outras sexualidades esbarra no problema teórico/etnológico do que é entendido como "rejeição" que remete a algo ou alguém "rejeitado" (no caso, sexualidades), nos nossos termos não-indígenas ou no interior de cada cultura, de cada grupo étnico? O que etnografias e análises etnológicas como as que fazem Pierre Clastres, é de que o individuo não-heterossexual não é de pronto rejeitado pela sexualidade em si, mas por um conjunto mais amplo onde está situada a função social desse individuo, se como guerreiro ou caçador, como coletor e preparador de alimentos. Como no exemplo da análise de Clastres em "O arco e o cesto". Assim, um membro do grupo que seja biologicamente homem, mas com gênero feminino e/ou sexualidade não-heterossexual será rejeitado se não corresponder para o coletivo o seu papel e posição ligados ao "cesto" já que é assim que ele se constitui nessa sociedade. Não sendo então rejeitado por ser biologicamente homem e não-heterossexual, mas por não se inserir nem pelo código social de divisão pelo "arco" ou pelo "cesto". O consenso reside mais na afirmação de que práticas não-heterossexuais entre os nativos da América sofreram segregação e coibição sistemática e violenta pelo processo colonizador. A historiografia não dá conta de trazer uma definição de que não havia "rejeição de sexualidades" antes da colonização devido ao alargado recorte temporal e pela imensa diversidade de povos e suas culturas particulares. A historiografia dá conta de nos orientar para o entendimento de que as configurações de sexualidades correspondiam a diversidade de culturas na América pré-colombiana e além, de que a não-heterossexualidade é um aspecto da humanidade em todos os tempos e sociedades, sofrendo alterações e reordenações diante das hegemonias morais judaico cristã no ocidente, islâmica no oriente, cristalizadoras da sexualidade binária heteronormativa, seja na monogamia ou na poligamia, mas sempre na lógica heterossexual.
      Assim como na sociedade envolvente, os indígenas tambem são atravessados pelo processo colonizador o que faz com que práticas segregadoras como lgbtfobia, por exemplo, se manifestem dentro do grupo social o que nos faz pensar que não haveria de pronto uma forma imediata de desconstrução desse processo mas acreditamos que trabalhos como o que estamos construindo levados ao interlocutor indígena numa tentativa de colaboração ao movimento LGBT indígena já inicia um diálogo de aproximação a temática e desconstrução de esteriótipos desses sujeitos subalternizados.
      Sobre a obra que você cita no comentário, tomamos conhecimento da mesma a pouco tempo e sim, é muito interessante a contribuição na indicação da mesma.
      Gratos pela colaboração, Caroline Soares e Dhiogo Rezende.

      Excluir
    2. Agradeço igualmente pela compreensão! Boa sorte na continuação da investigação!

      César Aquino Bezerra

      Excluir
  2. Olá, gostei muito da temárica e da forma como o tema foi abordado!
    Você acredita que esse preconceito contra as não-heterossexualidades praticadas por indígenas a partir da colonização tem um viés machista em sua origem? Posto que em nossa sociedade o homossexual sofre através de algumas facetas do machismo, que considera tudo que se aproxima do feminino como algo inferior.
    Essa heteronormatividade também tem a ver com o machismo que vivenciamos em nossa sociedade "civilizada"?
    Obrigada desde já.
    Victoria Katarina Cardoso Lima.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Certamente, Victória, o machismo assim como a heterossexualidade normativa são produtos do processo colonizador que é em sua essência masculino, cisgÊnero, patriarcal e etnocêntrico, o que nos faz acreditar que o subalternização dos sujeitos não-heteronormativo é atravessado pela colonialidade no mesmo grau que o subalternização da mulher nos grupos sociais. Vemos que em determinados povos indígenas, mulheres e homem ocupam determinadas funções dentro de sua organização social não necessariamente hierarquizando essas relação e sim complementado uma a outra, somente quando são identificadas relações de violência são identificadas tambem assimilações de uma moralidade colonial que não é própria do grupo social, desse modo tambem são as violências direcionadas aos sujeitos não-heteronormativos. Obrigadx pela contribuição, Caroline Soares e Dhiogo Rezende.

      Excluir
  3. Olá, nos termos indígenas gostaria de entender sobre como é vista por eles as questões homoafetivas, porque para mim não ficou claro.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não temos como descrever nos modos indígenas como é classificada a homoafetividade por haver especificidades de contextos, ou seja, enquanto em uma população indígena as relações homoafetivas são interpretadas de um modo em outra população se configura de outro módo. Ademais, como destacado no texto, não podemos tomar como base as construções de sexualidade ocidental para interpretar as sexualidades indígenas, utilizando os nossos temos somente em caráter de tradução simplista enquanto não há termos que abarcam as subjetividades das populações indígenas. Mas, se você está curiosx em entender se existe casamentos homoafetivos em alguns povos indígenas, temos relatos que sim, existem. Tambem é interessante destacar que se os sujeitos indígenas se identificam nos termos ocidentais, como gay ou homossexual, significa que estes já foram afetados pelo preconceito que este signo carrega em nossa sociedade. (FERNANDES, 2016)
      Att., Caroline Soares e Dhiogo Rezende

      Excluir
  4. Parabéns pelo texto! Acredito que é de extrema importância discutirmos a questão da não-heterossexualidade no ensino de História. Gostei da abordagem a partir do ponto de vista indígena é muito interessante. A minha pergunta é: Quais tipos de fontes poderiam ser trazidas para a sala de aula para ajudar na discussão desse tema?
    Ass. Vitória Diniz de Souza

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Este comentário foi removido pelo autor.

      Excluir
    2. Obrigadx, Vitória! Acreditamos que autores decoloniais estão produzindo materiais muito interessantes sobre processos coloniais X sexualidades e abjeção do sujeito. Nos baseamos nos estudos de autores como Paul B. Preciado, Larissa Pelúcio, Rita Segato (trata de questões de gênero e colonialidade) e Estevão Rafael Fernandes (que trata especificamente sobre processos coloniais e homossexualidade nos povos indígenas).
      Att.,
      Caroline e Dhiogo

      Excluir
  5. Olá, Caroline e Dhiogo.
    Parabéns pelo trabalho. Trabalho com questão indígena no período colonial na capitania do Rio Grande do Norte e me interessei pela temática abordada por vocês. Gostaria de saber se na pesquisa feita por vocês foi possível identificar casos ocorridos nas capitanias do norte, além do apresentado em São Luís, no século XVII. E além disso, como poderia ser pensada a utilização desse tipo de fontes em sala de aula, caso vocês tenham refletido sobre.

    Victor André Costa da Silva

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. FERNANDES, Estevão Rafael. Decolonizando sexualidades: enquadramentos coloniais e homossexualidade indígena no Brasil e nos Estados Unidos. 2015. 383 f. Tese (Doutorado) - Curso de Ciências Sociais, Centro de Pesquisa e Pós-graduação Sobre As Américas (ceppac), Universidade de Brasília, Brasília, 2015.

      Há um capítulo nessa tese que faz um apanhado histórico dos documentos onde são abordadas as sexualidades não -heteronormativas nos diversos lugares do Brasil, espero que possa lhe auxiliar em seus estudos.
      Abç.,
      Caroline e Dhiogo

      Excluir
  6. Olá boa noite! adorável o seu trabalho já trabalhei com a temática homossexualidade na escola e é sempre uma necessidade tratar sobre o tema na escola já expos seu trabalho nesse contexto?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. As abordagens do tema sexualidade são sempre transversais em disciplinas das humanidades. Acredito na possibilidade de abordar essa questão no contexto dos povos indígenas quando falamos de colonialidades e assim, mostrar as diferentes formas de entendimento de sujeitos, culturas e subjetividades.
      Abç.,
      Caroline e Dhiogo

      Excluir
  7. JANAINA EMANUELE RAMIRES LIMA
    boa Noite!
    O processo de doutrinação sofrido pelos povos indígenas durante a colonização do Brasil causou perdas das suas tradições culturais?

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A cultura é transformada e resignificada, nunca perdida. O que vemos é uma transformação nas relações entre sujeitos nas questões de gênero e sexualidade afetando essas relações e em determinados momentos hierarquizando os sujeitos. Como já foi dito, os sujeitos são construídos em sua cultura e não temos como determinar a partir da nossa interpretação ocidental o que é perda e o que é resignificação para eles.
      Não se trata de perda e sim de produção de discriminação pela afetação por meio do processo colonial.
      Espero ter respondido.
      Att.,
      Caroline e Dhiogo

      Excluir
  8. JANAINA EMANUELE RAMIRES LIMA
    COMO A COLONIZAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS CHEGOU A SER BANIDO AS PRATICAS DE "HOMOSSEXUALIDADE" FAZENDO COM QUE SEJA UM TABU NA ATUALIDADE?

    ResponderExcluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.