O
PIONEIRISMO DE ALEXANDRE MELLO MORAES NA CIGANOLOGIA BRASILEIRA
O presente trabalho tem por objetivo um
estudo da historiografia existente acerca do povo cigano baseado na obra de
Alexandre José de Mello Moraes Filho. A literatura a respeito do tema surge no
Brasil em 1885, período de valorização da cultura brasileira com os
folcloristas. Aborda, também, um breve histórico dos ciganos e sua adaptação
sócio-cultural.
Apresentação e hipóteses para a origem dos Ciganos
“Quem não trabalha para prover sua própria subsistência transgride a lei natural ... estando fora da sociedade racional. Locke os julga perigosos para a humanidade... se torna um degenerado, afastado dos princípios da natureza humana e se converte em algo ruim.” (BRESCIANI, 1989).
A curiosidade a respeito de grupos ciganos
não é nova. Do mesmo modo que sempre chamaram atenção também causaram medo e
repulsa. O que faziam aqueles grupos nômades com mulheres nas ruas lendo a mão
de outrens?
As primeiras explicações populares eram apenas
negativas: ladrões, vagabundos, pedintes. Mas aquelas pessoas com hábitos tão
próprios deveriam ter algum diferencial a mais do que estas qualificações
simplistas.
Embora este povo tenha se inserido em nossa
sociedade a partir de 1574, apenas em 1885 aparece seu primeiro estudo. E desde
o início da Ciganologia no Brasil o autor mais citado em diversos trabalhos é Alexandre José de Mello Moraes Filho, não apenas
por ser o precursor, mas pelo estudo realizado com pesquisa documental e de
campo.
Não podemos lidar com a trajetória cigana
da mesma forma com que tratamos do percurso de outros povos que possuem
documentos e registros escritos pelos próprios. É um povo iletrado e a sua
história é contada a partir do contato com outras sociedades; os interessados
na reconstrução de sua história usaram, principalmente, acervos de arquivos
oficiais de locais por onde eles passaram.
Por não professarem a mesma religião local,
por seus costumes, por ser um grupo fechado, por danos que causaram, pelas
perseguições, são julgados como ladrões, hereges, vagabundos; e qualquer
indivíduo identificado como pertencente a este grupo é, através de uma imagem
pré-estabelecida, analisado negativamente. Estes estereótipos constam de livros
de literatura até de dicionários, como a descrição relatada no “Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua
Portuguesa” de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (Cia. Ed. Nacional, 11º
edição, São Paulo, 1977 pg. 105) “
Cigano: s.m. Homem de raça errante, que vive de ler a ‘buena dicha’,
barganhar cavalos, etc. (sin.: gitano, em São Paulo e no centro de Minas Gerais, quico).
Indivíduo boêmio, erradio, de vida incerta, vendedor ambulante, adj. Ladino,
trapaceiro, errante, boêmio”.
Foram levantadas
possibilidades de procedência como a indiana, egípcia, de locais diversos Ásia
e África ou da Europa em regiões afastadas da Hungria, Turquia, Grécia,
Alemanha, Boêmia ou Espanha.
Essa problemática trouxe proposições que
variam de relatos bíblicos, explicações através de suas profissões, análises
comparativas de costumes e linguagem com diferentes povos, o que é bastante
complicado, pois, por onde passavam adquiriram diversos costumes. Ainda há
divergência entre pesquisadores da ciganologia, mas os estudos mais recentes
apontam para a origem indiana, um resultado ainda não isento de dúvidas.
A respeito de sua
dispersão, há séculos eles percorrem diversos territórios pelo mundo.
Examinando obras disponíveis acredito que os antepassados dos ciganos foram
identificados por volta de 1050 através de uma solicitação do imperador de
Constantinopla de feiticeiros e adivinhos chamados de Adsincani para matar animais ferozes. Alcançaram a região dos
Balcãns nos primeiros anos do século XIV e depois de um período de 100 anos já
estavam espalhados por toda a Europa. Seus costumes transformaram a curiosidade
inicial em medo e oposição. Os preconceitos e a hostilidade geraram diversos
tipos de perseguições: eram vistos como malditos ou enviados do demônio, o fato
de praticarem a quiromancia e adivinhação fez com que fossem repudiados e
excomungados pela Igreja, foram vítimas tanto da Inquisição quanto do
Holocausto, proibidos de usar os seus trajes típicos, de falar a sua língua, de
viajar, de exercer os seus ofícios tradicionais ou até mesmo de se casar com
pessoas do mesmo grupo étnico, escravizados em locais como Romênia, Sérvia e
Hungria, esquartejados e enterrados vivos em pântanos. Acusados
de heresia, bruxaria e diversos crimes na Península Ibérica. Em Portugal, o
primeiro indício do incômodo trazido por este grupo data de março de 1526
quando um alvará foi expedido para que não entrassem mais ciganos no reino e
saíssem os que nele estavam. Daí por diante houve prisões, açoitamentos
públicos, acusações de furtos e feitiçarias, além de
extradições como a de 1547 em que a resolução de D. Sebastião condena o
cigano João de Torres ao banimento para o Brasil.
Como foram sendo
recebidos em cada país é fundamental no estudo dessa população que tem sua
história estritamente ligada a das sociedades com que tiveram contato. Os
mecanismos de aceitação e de resistência à integração, que possibilitam
parcialmente sua aceitação na sociedade nacional e ao mesmo tempo sobreviverem
nela como grupo étnico diferenciado, fazem como que vivam em um paralelismo
cultural.
No
Brasil o cigano foi reduzido a um estereótipo contrário a boa sociedade.
Através da legislação portuguesa sabe se que o primeiro cigano a chegar ao
Brasil foi Joao de Torres, pertencente ao grupo Calon, pois dele se dá noticias
na solução de D. Sebastião, pela qual a pena de Galés que lhe fora imposta foi
o desterro para o Brasil com mulher e filhos. A presença de ciganos em nosso
território é constante a partir do século XVII e isso é comprovado através de
alvarás como o de 1689 que trata da deportação deles para o Maranhão. Diversas
legislações tentaram limitar lhes a vagabundagem, proibindo o uso da língua,
costumes, hábitos e indumentária.
Embora
estigmatizados negativamente como indivíduo ou grupo, os ciganos eram muito
apreciados como artistas e divertiam a corte e o povo com suas danças, sua
alegria e a arte circense.
O homem cigano pode
confundir-se facilmente com qualquer nativo, pois apreende seus costumes e
língua, já a cigana é imediatamente identificada por causa de seus trajes. Ela
apresenta a imagem de todo o misticismo com que se vê o cigano, misto de temor
e curiosidade pelo prever o futuro, a magia, o romantismo com que os poetas
declamam os ciganos, a noção de liberdade, a beleza, a fuga a quaisquer normas
ou métodos rígidos de vida, enfim, todas as conjeturas possíveis dentro dos
estereótipos criados.
A medida com que o
cigano aceita traços culturais de outra coletividade e procura manter os seus
próprios vai introduzindo elementos novos em sua cultura. A cultura assimilada
não chega a abalar a sua estrutura organizacional interna, pois os elementos
introduzidos passam por uma redefinição.
Acreditando no método de convivência direta
com o grupo, o estudioso Alexandre Mello Moraes Filho analisa suas influências
na nossa formação. Chega a afirmar na obra de 1886 que “... a reprodução entre
si (dos ciganos) deu-se em grande escala; o cruzamento com as três raças
existentes efetuou-se, sendo o cigano a solda que uniu as três peças de
fundição da mestiçagem atual do Brasil.” (MORAES FILHO, 1886, pg. 27). Foi o
primeiro tradicionalista do seu tempo, encabeçando campanha pela valorização de
festas, autos e bailes populares, muitos dos quais encenou. “O Cancioneiro
dos Ciganos e Ciganos no Brasil “ foi o livro pioneiro nos estudos
ciganológicos no Brasil e traz um autor - segundo Silvio Romero- dos mais
conhecedores da literatura contemporânea brasileira.
No século XIX há a
valorização das manifestações populares e com isso a criação e o
desenvolvimento dos estudos folclóricos na Europa e América como forma de
oferecer elementos para definir a nação. Esses estudos variavam de elementos da
cultura popular oriundos de grupos maiores - como os negros no Brasil - e de
menores como no caso dos ciganos.
Posteriormente
a Mello Moraes temos no Brasil, como destaque, o trabalho de José B. D’Oliveira
China (1936). Em seu livro “Os Ciganos do
Brasil”faz um estudo bastante satisfatório, usando como fontes outros
autores, jornais, alvarás, dicionários históricos, geográficos e etnográficos.
Ele aborda detalhadamente no livro as hipóteses de origens; a dispersão pela
Europa e, posteriormente, Brasil; suas adaptações; os subsídios etnográficos e as
contribuições lingüísticas com informações sobre o dialeto cigano, comparações
com outros idiomas, origem de suas palavras e as diferenças notadas em seu
vocabulário que varia devido a sua localização.
O
primeiro livro de Mello Moraes a respeito deste grupo foi O Cancioneiro dos Ciganos – com trovas líricas, elegíacas,
funerárias e cantigas – em 1885 e em
1886 complementou seu estudo com “Os
Ciganos no Brasil”. Seu trabalho é baseado em depoimentos e convivências
com aproximadamente 500 ciganos, além de outras pesquisas de autores europeus e
documentos.
A obra “Ciganos
no Brasil”
Como proposta
inicial de relatar os Ciganos em nosso país a partir da sua chegada no século
XVII, analisa as origens dos Ciganos, relatando locais que estes passaram e
como foram recebidos recorrendo a crônicas, legislações e historiadores. “O Arcebispo de Paris,
amedrontado pelas superstições de que eram portadores esses forasteiros, que se
diziam cristãos do baixo Egito, os fez evacuar La Chapelle e fulminou de
excomunhão a todos que os procurassem no intuito de saberem a sina” (MORAES
FILHO,21).
Cita que estudiosos como Raphael Bluteau que
acredita no nomadismo como uma andança pelo mundo sem destino, um castigo por
não terem acolhido a Virgem Maria, José e Jesus quando peregrinavam pelo Egito.
Quanto ás suas viagens pela Europa, fala
sobre a chegada em Paris em 1427, suas características de habilidade na
metalurgia e como artistas saltimbancos em diferentes países. Observa no final:
“Sem que a ciência tenha, até o presente, podido esclarecer o enigma através do
qual se esconde este povo, (...) não passando de meras hipóteses as induções
científicas relativas à sua nacionalidade primitiva, não acontece o mesmo com
referências ás suas migrações na Europa.” (MORAES FILHO,24).
O capítulo 2 trata
dos ciganos nas migrações europeias a partir do século XV, legislações, extradições e a vinda para o
Brasil (chegando pelo Maranhão). Esclarece também como este povo foi diversas
vezes perseguido, despojado de seus empregos e profissões, proibido do
aprendizado de sua língua pelas crianças como forma de evitar a continuidade de
sua cultura.
Em 1449, ciganos
vindos dos Pirineus entram na Espanha e posteriormente avançam para Portugal,
onde se verificam várias Ordenações como o Alvará de 20 de outubro de 1760 que
bania diversos ciganos para o Brasil.
“Abramos as Ordenações do Reino.Diz o decreto de 27 de agosto de 1685: Fica comutado aos ciganos o degredo da África para o Maranhão(...)Se os ciganos e outros malfeitores, degredados do reino para Pernambuco, não adotarem nesta capitania algum modo de vida estável e continuarem a cometer crimes, serão novamente degredados dela para Angola. ”(MORAES FILHO,26)
Com um de seus
depoentes, Sr. Pinto Noites, o autor pode, com maior precisão, relatar o
cotidiano e as tradições deste povo -, um cigano de 89 anos que teve seus
parentes deportados para o Rio de Janeiro no início do século XVIII. De
inestimável memória, durante horas forneceu informações. Junto com sua família
em 1718 vieram outras e instalaram-se no Campo dos Ciganos sendo caldeireiros,
ferreiros, latoeiros e ourives, as mulheres rezavam de quebranto e liam à sina.
No momento do
depoimento ainda conserva a lembrança das festividades do casamento de D. Pedro
I e a Princesa D. Leopoldina. Os ciganos se encarregavam das diversões dos
festejos do dia 12 a 15 de outubro de 1818. Eles guiavam e faziam espetáculos
com cavalos e dançavam.
Temos no capítulo
seguinte informações sobre as adaptações ao Rio de Janeiro. Nesta cidade preferiam
os bairros do Valongo e Cadeia Nova, locais
propícios para o comércio de escravos.
”Moravam em casas térreas, (...) portas, que conservavam abertas durante o dia e parte da noite. (...) A sala da frente de uma casa de ciganos em 1840 era ampla, perfumada e de um asseio propriamente holandês. À direita havia uma cama de jacarandá com escada envernizada, ornamentada de maçanetas douradas (...). Em dias de festa, porém este aposento sofria modificações: uma mesa de jantar vinha para o meio: serpentinas, castiçais com mangas de vidro, ocupavam os competentes lugares, e as violas, enlaçadas de fitas, encordoadas de novo, aguardavam, encostadas, os tocadores hábeis. O rigor desta disposição foi mantido até 1850 pelos ciganos do beco do Bem Bom (...)” (MORAES FILHO, 37).
No Dia de Santa
Ana, os velhos vestem jaquetas, gravatas com laços, camisa fofa, colete de
veludo, calça amarela e sapatos de verniz com fivela de ouro. As matronas usam
vestidos brancos, engomados, enfeitados com fitas coloridas, um xale dobrado,
colares, pulseiras, brincos, talismãs e na cabeça flores. Difere o traje dos
mais jovens, os moços usam calça de brim e maneiam chicotes de cavalo com
corrente de prata, já as moças são notadas pela fascinação que causam.
O bródio, uma
refeição farta e alegre, começa com a chegada das pessoas. Os trovadores cantam
ao som de violas e castanholas. Encenam danças como que inicialmente a mulher dança só, mas ao
longo da dança os homens se entregam a ela.
Com a marcante influência espanhola observa-se danças pareadas,
sapateadas e sensuais.
O capítulo 4 relata as superstições e
religião, falando de mitos, presságios, pragas e malefícios, rezas de quebranto
que, geralmente, mostram reminiscências africanas. A impressão que dá neste
capítulo é que ocorre uma miscigenação de religiões afros e cristãs.
São monoteístas e veem um
caráter muito pessoal de Deus, que é acessível e possível de dialogar.
Finaliza falando
sobre o curioso hábito dos apelidos que degeneram os nomes próprios, ficando
apenas as alcunhas. O autor teve contato com homens que se chamavam
Mijim–mijim, Pés de Rato, Trepadera, Miudinho, ... Entre as mulheres conheceu
Fefé, Zimbilim, Tindola, Pé de tomate, Coco verde...
A família é o ponto
principal do capítulo 5 iniciando com o casamento dos jovens que é combinado
entre seus pais e as festas que se seguem.
Na família cigana
estão excluídas a poligamia, a promiscuidade e o incesto. É usual a intervenção
paterna nos casamentos com contratos. Terminadas as negociações da união se
comunica à família que vem dar os parabéns como parte da formalidade. Brinda-se
e dançam.
Há um preceito
particular que deve ser observado para consolidar o matrimônio, o "pano da
virgindade", que deve ser mostrado à comunidade depois da primeira relação
sexual.
É de
extrema importância ter filhos; o parto feito em casa é acompanhado por cantos
sagrados para suavizar os sofrimentos da mãe e desejar boa sorte ao que nasce.
O primeiro banho da sorte é feito numa bacia, com água natural pura, objetos de
ouro, essência ou pétalas de rosa branca.
A
criança é banhada pela mãe, que pronuncia uma oração com dizeres especiais
(oração de seus antepassados), em benefício protetor do seu bebê cigano. A
escolha do nome do bebê é de vital importância para ele. Além do nome que será
conhecido por todos, logo que a criança nasce sua mãe, ao tomá-lo nos braços,
sopra em seu ouvido um nome que ficará em segredo com ela por toda a vida.
Para
os ciganos todas as crianças existentes no mundo são partículas do Universo.
Por isto participam de todos os rituais festivos e religiosos. Seus pais jamais
os abandonarão para participar de festas. Elas os acompanham, em todos os eventos, independentemente de
horários.
No
capítulo 6 nos mostra as tradições neste momento último, a morte como
continuação da vida é focada, de início faz uma comparação desta ocasião entre
diversas crenças, a importância das curandeiras e as narrativas fúnebres
acompanhadas de choros e gemidos exaltando o morto. Consagram no seu ritual
funerário a lavagem do corpo. Quando se adoece é chamada uma curandeira para
benzer e rezar. Quando se sabe que a morte está próxima a casa se enche de
parentes e amigos. Antes de sair o enterro, juntam as roupas do morto, os
pratos em que comia, a viola e as suas jóias.
O sétimo capítulo é resultado de um estudo
das gírias e apelidos utilizados como uma forma de aproximação entre as
pessoas, tratando também de suas características físicas e psicológicas
analisadas pelo autor:
“Qualquer lance menos bondoso da sorte os abate, considerando se desde logo irremediavelmente perdidos, desgraçados – Daí sua pusilaminidade, o abandono em que tem caído, a embriaguês a que se entregam para adormece-lhes pesadumes inatos.” (pg. 67).
“Entre si não se exploram,
protegem-se; não se difamam, exaltam-se; - tão francos, bem intencionados, caridosos.”
(MELLO MORAES, 67).
Na segunda parte do
livro estão as trovas ciganas. Falam sobre o destino e a morte. O Novo Cancioneiro está na terceira
parte do livro, dividido em poesias líricas que falam sobre as flores, a vida e
os amores; poesias elegíacas sobre a noite, as armadilhas da vida e a morte; e
as poesias funerárias.
O autor reserva a
quarta parte do livro para o vocabulário, em que traduz aproximadamente 250
palavras.
Considerações finais
A respeito da obra
de Mello Moraes, o livro possui falhas advertidas por Silvio Romero como
superstições que o autor julgava serem ciganas, mas na verdade eram europeias.
Há exageros como a referência que os ciganos fazem parte da miscigenação
nacional assim como os negros, portugueses e índios. O livro não faz citações
sobre nenhum tipo de costume alimentar. Nada que diminua seu valor histórico,
tanto sua importância no período que foi escrito quanto hoje, como livro
mencionado em diversas outras obras.
Como avanços da
pesquisa de Mello Moraes, destaque a preocupação com o vocabulário, trovas e
cancioneiro, a utilização de rica documentação e relatos de convivência; rezas e
a vida de personagens.
Obra fundamental
para se iniciar os estudos sobre ciganos, pois abrange vários aspectos admiráveis
como a convivência que o autor teve com os ciganos - a rigor as ciências do
século XIX postulavam distância para um trabalho crítico, o que Mello Moraes
ignorou.
No contexto atual
onde os estudos culturais ganham grande espaço, a releitura da obra dos
folcloristas expõe um rico exercício de repensar como foram sendo construídas
as imagens nacionais e as interpretações destes estudiosos.
Referências
Denize Carolina
Auricchio Alvarenga da Silva é Mestranda em Ensino de História pela UNICAMP.
BRESCIANI,
Maria Stella. Londres e Paris no Século XIX: o Espetáculo da Pobreza. Tudo é
História nº 52. 5º edição. São Paulo, Brasiliense, 1989.
CASCUDO, Luís da
Câmara. Dicionário do Folclore Brasileiro. Rio de Janeiro; Ediouro, 1986.
CHINA, José B.
d’Oliveira. Os Ciganos do Brasil – Subsídios Históricos, tnográphicos e
Linguísticos. São Paulo; Imprensa Official do Estado, 1936.
MORAES FILHO,
Mello. Os Ciganos no Brasil e Cancioneiro dos Ciganos. São Paulo; Itatiaia, 1843.
MOTA, Atico Vilas
Boas. Contribuição a História da Ciganologia no Brasil. In: Revista do Instituto Histórico e
Geográfico de Goiás, pp.3-42. 1982.
ROMERO,
Silvio. História da Literatura Brasileira tomo 4. Rio de Janeiro; José
Olympio,
1943.
Olá! Parabéns pelo texto, achei muito interessante e claro. Confesso que eu nunca tinha lido nada sobre ciganos no Brasil. Achei muito bom o texto contemplar a perspectiva da história cigana no Brasil, as representações sobre os mesmos e uma síntese crítica ao conhecimento produzido. Gostaria de saber se em algum momento em suas pesquisas você se deparou com algum material de ensino de história que contemplasse os estudos sobre os ciganos. Também gostaria de saber como você chegou a esse objeto de estudo. Uma última questão, você tem informações sobre possíveis registros desse cancioneiro cigano? Digo, há registros fonográficos?
ResponderExcluirMuito obrigada pela partilha!
Kenia Gusmão Medeiros.
Olá Kenia!
ExcluirNão trabalhei com nenhum livro didático que mencionasse os ciganos e nem na graduação tive qualquer aula sobre o assunto e isso foi um dos pontos que me fez questionar o assunto, além do preconceito sobre esses povos. Assim, iniciei minhas pesquisas pensando na questão das origens e me deparei com este autor citado em diversas obras. Quanto a registro fonográfico, infelizmente o ator não o fez, apenas há o cancioneiro coletado por escrito em seu livro e não encontrei nenhuma gravação. Grata pela questão!
Olá,parabéns pelo texto!
ResponderExcluirMinha pergunta é direcionada para a mulher cigana, percebo que as "ciganas de rua" são sempre vistas como enganadoras, mau intencionadas, por que ocorre essa deslegitimidade principalmente da imagem da mulher cigana?
Bom dia!
ResponderExcluirAo meu ver, o homem cigano é menos facilmente identificável e atua, hoje, em áreas diversas, portanto não sofre tanto preconceito. Já a mulher, por suas vestimentas, por ofícios como a leitura de mãos acaba sofrendo mais. Acredito que isso se dá pelos costumes tão diferentes dos nossos, além de uma carga ideias estabelecidas na sociedade como histórias de ciganos que furtam, que enganam nos negócios, que brigam...acrescentam se a isso sua trajetória nômade, os desterros, tudo isso contribui para ideias preconcebidas das mulheres ciganas
Atenciosamente,
Denize C A A da Silva